FERIDA EXPOSTA
Esta noite eu visitei umas ruínas.
Andei descalça entre elas, descalça e seminua.
Eu vi um porta-retrato quebrado.
Quanta lembrança do passado!
Vi um terço, um pedaço de papel...
Vi entre as ruínas um menino.
Lindo, frágil...doce. Um destes anjos do céu.
Um garotinho que sempre tocou muito fundo meu coração.
Um menino que se fez tão forte pela vida afora que se tornou um campeão.
Meu filho tão bom.
Entre as ruínas encontrei flores.
Meu peito se fez em dores...
A ferida ficou maior. Sangrou...
A casca que se formava descolou.
Ficou exposta a ferida.
E eu ali.
Entre as ruínas do que foi minha vida.
Chorei.
Claro.
Chorar lava a alma.
Não podemos represar as emoções.
Deixei que as lágrimas lavassem...escorressem.
Eram tantas as sensações.
Esta noite eu andei onde não se anda mais.
Onde não se volta jamais.
Andei no que já se foi... no que o tempo guardou.
Mas se fez chorar também foi bom lembrar.
Porque entre as lágrimas encontrei um sorriso teu.
Então pensei.
Tu me amaste, eu muito te amei.
Se nos perdemos um do outro.
Muita coisa guardaste.
Muita coisa guardei.