Garota da lua
Noite,
senhora suprema e mãe das estrelas.
Somente te desperta em mim coisas tão belas.
Outrora, eu era apenas uma menina.
Uma simples flor selvagem.
Tuas luzes me chamavam para os campos;
amava falar com a dona lua.
Senhora bolacha não me negues,
quero ainda passear por tuas ruas....
Porém, ela nada me dizia,
mas eu pedia.
Pedia....
Um dia a lua iluminou todo o campo
Senti que ela estava tão cheia de mim.
E sem rodeios foi me falando assim....
Garotinha linda dos cabelos negros,
eu conheço os teus segredos!
Sei que andas tão vaidosa;
breve não irás mais querer esta roça.
Te enganas, senhora bola.
Também sei que voltara a ser minguante.
A senhora bem o sabe,esse é o meu mundo.
E posso lhe garantir,daqui eu não fujo.
Garota,
não sejas tão tola e petulante.
Não vês que já és moça!
Logo tudo aqui te será distante.
E o mundo girou;
deu voltas e voltas...
Descobri que ela estava certa,
a cidade era a minha descoberta.
E pra lá eu fui com a desculpa de estudar.
Mas no fundo eu também já sabia,
do meu destino não fugiria.
Queria mesmo é namorar.
Hoje tenho saudades da vida brejeira.
Da menina ingênua; da moça namoradeira.
As noites no campo eram tão simples.
Deitava na relva e contava as estrelas.
Aqui passa um filme que não mais existe.
O tempo tenta roubar as minhas lembranças.
Porém a saudade é um "bombo tão doce"!
Eu ainda me vejo uma garota criança.
Quando a dor bate fundo no meu peito.
busco disfarçar o meu estar sozinha.
Abro a janela e choro com a lua,
a velha amiga e companhia.
Autor: Francisco de Assis Dorneles