Mil solidões
Tenho que me recollher .
Quem sabe o descanso bem feito devolve aos meus olhos outros tons? Quem sabe com alguma ternura de novo me faço e encanto com a força dos passos ou abraços uma nova paixão?
Preciso me recolher ; no silêncio da alma talvez renasça a raíz , descubra lá dentro da terra ...ou mesmo no fundo de algumcaverna aquela quem fui . A minha figura mais original.
Estou tão longe de mim .
Sou pluma ao vento levada por ondas fortes de ar.
Sou barco querendo ancorar e marolas encrespadas em estranhas espumas me fazem ficar batendo no cais.
Sou livro fechado que o tempo... as páginas amarelou.
Sou música sem letra. Poema sem rima tão cheio de ' ais' .
Sou diário fechado em saudades de tempos que se apagaram.
Álbuns de fotos que falam dando nós nas palavras.
E fazem escorrer pelo rosto uma água sem luz ,sem cor e sem gosto.
Sou aquela que em pedaços se fez e o inteiro todo se desfez.
Na minha esquina noto opções mas me perco na cinza estrada dos dias e noites ...
Só os olhos atentos ainda têm brilhos e quando se esforçam , se espremem e olham... apenas encontram mais de mil solidões.
set-07