A viagem de retorno é sempre um mistério que dói. Esgarçar as teias da neblina e ouvir o estrépito dos cincerros dos cavalos da charrete do padeiro chegando é hora de levantar. O dia anuncia-se. Ele deixa os pães d' água na sacola de pano pendurada do lado da porta. O bangalô creme com janelas de beiraiss cinzas pinta a memória. É um tempo sempre na lousa. Onde quer que se vira a escrita acompanha, os livros o vento move as páginas. Alfabeto metafísico, metamorfose sobre a teoria do conhecimento.Uma forma de se reconhecer o mundo nunca perdido pode ser estar sempre nele e com ele.O leiteiro deixa a garrafa pequenina de leite à porta. A realidade se faz de pequenas coisas. Ouvindo o cincerros do cavalo do padeiro, estremeço a lembrar histórias de cavalos. O tratador de cavalos do vizinho vilão que queria tomar a pequena propriedade das irmãs insólitas e que foi testemunhar a favor dos hediondos atos do patrão, morreu pouco tempo depois. Falso trotear de cavalos na avenida frente à praça o vento carrega para longe. Já é longe o tempo dos padeiros com suas charretes de pães e cukas e paes doce a entregar de porta em porta. Ouvir-se é um lamento, e um chamado.