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SIMPLESMENTE ZOCHA 


                                (Carroção do Tempo (dos polacos))

                         "...executo  meus versos na flauta das minhas vértebras..."
                                              Maiakóviski



    Sofia encaracolou os cabelos louros   de polaca lambida.  Hoje em algum lugar do presente tirou  a blusa de cambraia branca com rendilhas    nas bordas da gola   e irreconhecível caminha entre as cercanias do jardim,  de lenço, chapéu de palha e botas com o tesourão nas   mãos.  A cada picotada no pescoço das roseiras, atira longe os galhos imprestáveis, que seu Lucas marido cata  e depois deixa limpo o terreiro, porque o chão  se reescreve e escrever  como dizia Clarice , pode ser uma forma de abençoar uma vida, que não foi abençoada . São Tomaz de Aquino acaba de chegar  com Aristóteles  da abadia de Tomáz Coelho, cidade colonizada pelos poloneses no Paraná, com Geraldo, o noviço. Observam a teologia de Sofia e este último tem dficuldade em  entender as suas oxítonas e as equações riscadas no afofamento da terra. Geraldo é o sobrinho quase padre católico que 
observa os movimentos rítmicos de tia  Zocha entre  as carregadeiras formigas.Se o canteiro é água, ar, fogo e terra, não é difícil  descompreender  o jardim!