7,6 bi
Contam histórias a seus filhos, cantam, esbravejam-se com a enfermeira, dirigem ouvindo anos 80, andam de patins, rebolam, furam sinais, dormem, trabalham, agonizam, rezam, roubam, trancam a porta, calçam meias azuis, conversam timidamente, aplaudem com entusiasmo, protegem-se da chuva, bocejam na sala do cinema, presenteiam, arrancam uma flor vermelha, sentam-se perto da janela, tomam café sem açúcar, preparam o jantar, beijam, conspiram, testemunham um assassinato, tiram a camisa, tocam “Sonata ao Luar”, sussurram segredos, pedem perdão, não perdoam, compram, vendem, atropelam, estalam os dedos, caçam, coçam a barriga, fazem a segunda tatuagem, atravessam a rua, bebem chá em velório, tossem, fazem sexo, vaiam, pedalam, desligam a televisão, digitam, discutem, abraçam, terminam o livro, reclamam do pouco tempo, chateiam-se com o tédio, passam batom violeta, abrem a geladeira, usam droga, tomam banho quente, xingam, estudam concentrados, mentem, roncam, desenham, ingerem água do mar, fotografam, pedem esmola, abrem uma garrafa de vinho, tiram os óculos, fogem, tocam violino, jogam, casam, separam, flertam, brincam, tropeçam, pulam corda, prometem, não cumprem, escrevem, colocam o fone nos ouvidos, choram em silêncio, gritam desesperados, nascem, crescem, morrem... Sete bilhões e 600 mil.