GOSTO DO ABSURDO

Eu gosto do absurdo

Transcrito em coisas impalpáveis

Gosto da sensação de não têlos

e mesmo assim desejar loucamente

Os dias sem desejo, não são fiéis ao que sinto

porque preciso, a todo custo

de um sentido pra viver

As janelas da mente, de repente, ganham vida quando desejo

E eu apodreço quando não tenho o que cobiçar

Quero uma vida boa, um cantinho atoa, uma modéstia roupa e você

Indubitavelmente, quero você e todos esses jeitos malucos

Que no fundo, já são meus

Absurdamente, por te querer e de tanto querer te ter

Quero-o dentro de mim

Assim, afundo e intrínsecamente encaixado

Quero que transformado em sentimento, você vire eu

Não, não

Na verdade quero virar você

E quero porque o amo

E quando digo que gosto de absurdos, talvez seja um pouco disso

De largar o que sou, mas nunca o que sinto

E sinto muito, como um fogo que queima em área solar

Devastador e quente

Que derrete os universos que encostam

Funde

E vira o que hoje conheço como nós

Muitos diriam que detenho de insanidades

Fracas faculdades mentais

E pouca coerência no que digo

Mas se essa patologia for uma doença,

E há de ser porque me consome por inteiro

Peço que floresça dentro de mim e destrua o que sou

Pois, por você, deixo, dentro do meu eu, espaço para a proliferação dessa infecção que teimo chamar de amor.