Luminosa manhã (Revisited)
Luminosa manhã
Sua calma brisa a beijar a todos que encontra.
Acarinhando a esperança do dia a dia
Que naquele momento mais uma vez se inicia.
Brincando com as nuvens,
Desenhando garatujas ora fugazes, ora sombrias.
Caminhantes, iniciantes, desviantes,
Loucos e delirantes.
Cada um na sua trajetória
Solidão na multidão, monólogos de desilusão.
Incerta amizade misturada à escória.
Na beira do mundo o populacho se mistura,
Poderosa, rica e maldita tessitura.
Entremeado de seres que deságua nas avenidas, nas ruas.
Turba apressada, premida por aspirações,
Frustrações, objetivos e desejos.
Na curva da vida, trabalho, desalento, desespero e morte
Nas cabeças do gentio de toda a sorte.
Um encontro, um empurrão, um abraço,
Um aperto forte de mão.
Um olhar de soslaio, um beijo,
Um assalto, um desmaio.
De tudo um pouco,
Poucos com muito e muitos com tão pouco.
Sussurros, espirros, avisos, ameaças, conversas, discussões
Tosse, catarro,
Festa, risos, choro e palavrões.
Miscelânea de diferenças,
De convergências e contradições.
Desregrado amontoado num grande circo humano
Dos tristes palhaços, dos leões desdentados
Do mágico trapaceiro,
Do equilibrista aleijado e mundano
Da bandinha de trajes amarfanhados
Da mulher de bigode,
Debaixo do perfurado toldo que tudo encobre.
Vida que segue, manhã que morre.
Tarde quente que anuncia
A noite cansada que irradia
O escuro que tudo envolve.
Para, no dia seguinte,
Do céu que a todos acolhe,
Ver nascer na promessa de raios de sol fulgurantes.
As ilusões, as esperanças,
As palavras não ditas que a consciência tolhe.
Almas aflitas, temerosas e exultantes.
Agonia estancada,
Fé destrambelhada,
Medo escondido, crispada risada.
Almas penadas a prosseguir,
Com chuva na cara ou no calor a queimar, escaldante.
Outra transgressora, mentirosa,
Acolhedora, oportuna e
Furiosa manhã luminosa.