Luminosa manhã

Luminosa manhã

Sua calma brisa a beijar a todos que encontra

Acarinhando a esperança do dia que se inicia

Brincando com as nuvens, desenhando garatujas ora fugazes, ora sombrias

Caminhantes, iniciantes, desviantes

Cada um na sua trajetória

Solidão, amizade, mérito e escória

Na beira do mundo a multidão se mistura

Entremeado de seres que deságua nas avenidas, nas ruas e nos becos

Turba apressada, premida por aspirações, frustrações, objetivos e desejos

Na curva da vida, trabalho, desalento, desespero e morte

Nas cabeças do gentio de toda a sorte

Um encontro, um empurrão, um abraço, um aperto forte de mão

Um olhar de soslaio, um beijo, um desmaio

De tudo um pouco, poucos com muito e muitos com tão pouco

Sussurros, espirros, avisos, ameaças, conversas, discussões

Recomeço, fim de linha, velório, catarro e tosse

Festa, risos, choro e palavrões

Miscelânea de diferenças, convergências e contradições

Desagregado amontoado num grande circo humano

Dos tristes palhaços, dos esfomeados leões desdentados

Do mágico trapaceiro, do equilibrista aleijado e mundano

Da bandinha de trajes amarfanhados

Da mulher de bigode, do macilento e perfurado toldo que tudo encobre

Vida que segue, manhã que morre

Tarde quente que anuncia

A noite cansada que irradia

O escuro que tudo envolve

Para, no dia seguinte, do céu que a todos acolhe

Ver nascer na promessa de raios de sol fulgurantes

As ilusões, as esperanças, as palavras não ditas que a consciência tolhe

Almas aflitas, alegres, temerosas e exultantes

Ansiosas para enfrentar, mesmo com chuva na cara ou no calor escaldante

Outra transgressora, mentirosa, acolhedora, oportuna e furiosa manhã.

G_Bienenstein
Enviado por G_Bienenstein em 16/11/2018
Código do texto: T6504408
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.