Despedida
Despedida
Os filhos cresceram, e se foram. Cada um em seu caminho, trilhando o desconhecido universo das próprias escolhas.
De significância restou-me a casa vazia, um par de cachorros - agora envelhecidos, como eu -, as plantas por regar e uma antiga cadeira na varanda.
O entardecer convidava a uma boa xícara de café e cismei de pegar o álbum de fotos das "crianças".
Levei uma almofada para a varanda e me acomodei na minha amiga cadeira.
Naquele abraço aconchegante comecei a folhear o álbum cheio de histórias, de risadas perdidas pelos cantos da casa.
Infelizmente as visitas tinham se tornado cada vez mais raras com o tempo e as risadas, os cochichos e o bolo fresco sobre a mesa da cozinha também.
A xícara já estava pela metade e o líquido jazia frio em seu interior.
O tempo passou rápido demais...
Minhas pálpebras pesavam sobre olhos marejados. Tristeza? Não, saudade.
O álbum cedeu de minhas mãos e foi ao chão com um barulho simples, sem testemunhas e um cochilo gostoso me levou para a Terra dos sonhos, onde a algazarra das crianças era um lugar confortável e feliz, de onde decidi não voltar mais.