Os pássaros aquietam-se, nem se incomodam com a necessidade do voo, escondem-se nas ramagens à espera da noite.
A brisa de sempre, as vezes um tanto gelada aposta corrida no jardim com algum ser invisível e faz tremer as flores. Estas, dançam sem parar, muitas se desintegram antes do tempo. Que maldade !
Pirilampos com suas lanternas acesas - assim que escurece - vão e vem, indicando rumos ao que se perdeu. Disputam caminhos entre as plantas, são vistos de longe e parece que brincam de esconde - esconde.
A lua sorri na amplidão, toda pomposa, dona da noite e seus mistérios. Envia algumas nesgas de luar, mostrando sua beleza e força, o vento chega, manda a brisa embora e alardeia sua canção noturna. Tudo se transforma, os olhos pedem descanso, o sono está chegando. A quietude manda a mente repousar, mas ainda é cedo. Porque não tomar alguns goles de luar e tecer um poema, que seja belo e cheio de ternura? Assim poderá pensar algum poeta, ainda insone, mas o mote não se anuncia e o papel branco irá repousar sobre a mesa. Ali ficará até o raiar do novo dia, quando o sol e a poesia retornarão. Em casa de poeta há um celeiro invisível que se chama coração.

08/11/18