Emoções afloram, como flores
Lá fora a chuva brinca de fazer enxurrada e incita saudades nas janelas emoldurando rostos. Como que folheando livros, passa o vento por entre as roupagens das árvores e toca o tempo invisível.
Tanto correm os dias e as noites que os lugares apenas acenam para as cenas que se vão. Uma lágrima faz rapel na face alva, indo descansar no cantinho dos lábios. O sal e o brilho a faz diáfano diamante e conta que é de felicidade, a polidez ofertada pelos olhos. É que as emoções se afloram em campos semeados de vivência, como flores em desenhos de giz renascendo.
A beleza da chuva culmina na paz que se tem no íntimo, mas que só se manifesta quando se para, para contemplar. Daí os pingos tantos, é dança rítmica no ar, explodindo gotas ao bater no chão e a gerar correntezas para lavar e levar.
Os jardins se felicitam, em prazeres sentidos no toque que namora pétalas, que despudoradamente gozam em perfumes.
Os telhados se regozijam na junção perfeita visando proteção e deixando goteiras irem contar segredos na queda livre formando poças nos quintais. As emoções continuam cursos de rios se enchendo, no interior das pessoas. É que a chuva traz bênção e berço, quando assim de mansinho, se deita sobre os lugares. O vento continua soprando canções, que se vão pelas veredas da atmosfera, depois de deixar clorofila umedecidas. Da janela ainda a saudade no meio da chuva, andando descalça, levando diamantes em rapeis, dos olhos ao cantinho dos lábios.