DOMINGO NO SERTÃO

Amanheceu lá no Bairro da Biquinha.

O sol nasceu queimando lá no sertão.

O galo cantou na comunheira do paiol.

Os bezerros berrando à espera da ordenha de suas mães.

A luz do dia batendo no telhado de cavaco da querência.

Zé Candinho abriu a janelinha do seu quarto abafado.

Cabelo eletrificado, olhos remelentos...

Olhou para o dia e agradeceu ao bom Deus.

As rolinhas eram vistas no terreiro varrido.

Rebanho ruminando na beira do curral.

Mula ruana tocando as moscas lá na beira da tuia.

O caboclo apressou a patroa para se levantar.

Era domingo, o diferencial da semana começava acontecer.

O sol ia subindo e esquentando os chapadões,

A cachoeira do sauá roncava forte com suas águas frias e transparentes.

Isso reportava a um banho prometido depois dos afazeres.

Almoço de domingo e uma diversão na cascata do sauá.

Domingo era dia de rezar, de brincar e descansar no sertão.

Uma viola de pinho, uma varanda de sapê,

Cantoria e cagibrina, missa à noite e depois dormir.

E o silencio da noite era soberano no serrado.

Segunda-feira se próximava, que pena!

Poderia ser domingo todos os dias no sertão, dizia Zé Candinho.

É isso aí!

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 30/10/2018
Código do texto: T6489975
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.