DOMINGO NO SERTÃO
Amanheceu lá no Bairro da Biquinha.
O sol nasceu queimando lá no sertão.
O galo cantou na comunheira do paiol.
Os bezerros berrando à espera da ordenha de suas mães.
A luz do dia batendo no telhado de cavaco da querência.
Zé Candinho abriu a janelinha do seu quarto abafado.
Cabelo eletrificado, olhos remelentos...
Olhou para o dia e agradeceu ao bom Deus.
As rolinhas eram vistas no terreiro varrido.
Rebanho ruminando na beira do curral.
Mula ruana tocando as moscas lá na beira da tuia.
O caboclo apressou a patroa para se levantar.
Era domingo, o diferencial da semana começava acontecer.
O sol ia subindo e esquentando os chapadões,
A cachoeira do sauá roncava forte com suas águas frias e transparentes.
Isso reportava a um banho prometido depois dos afazeres.
Almoço de domingo e uma diversão na cascata do sauá.
Domingo era dia de rezar, de brincar e descansar no sertão.
Uma viola de pinho, uma varanda de sapê,
Cantoria e cagibrina, missa à noite e depois dormir.
E o silencio da noite era soberano no serrado.
Segunda-feira se próximava, que pena!
Poderia ser domingo todos os dias no sertão, dizia Zé Candinho.
É isso aí!