O DEUS DOS PEQUENINOS
Ao longe vi uma movimentação.
Eram pessoas caminhando pelo pasto,
pelos atalhos, pulando e tropeçando pelos trilhos fundos do gado.
Outras pessoas já iam ao longe pela estrada empoeirada.
Havia um forte alarido de prosas, gritos e conversas.
Alguns corriam mais rápido do que as pernas outros iam devagar.
Era o povo sertanejo indo para a reza.
O que será que passava nas cabeças pessoas de pés descalços?
Pés grossos e vermelhos pela terra rocha do chão.
Que esperança as rezas traziam para aquelas pessoas?
O que levava dona Manoela puxar o canto tão antigo ?
O que incentivava seu Fermino cantar o terço com seu grupo de amigos?
O que despertava os jovens correr à frente, chegar e esperar os outros?
De certo, todos estavam unidos num único coro, o do amor.
Na capelinha eles rezavam e cantavam juntos.
Seu Petrúquio era o leitor a Palavra de Deus.
No final da leitura se dizia: Palavra do Senhor e todos respondiam Graças a Deus!
Dona Horácia fazia a reflexão.
Seu Petrúquio rezava algumas preces e o grupo todo também fazia.
E juntos, com esperança, respondiam: Atendei-nos Senhor!
Uma violinha bem afinada nas mãos de Ditinho fazia a harmonia para Deus.
E todos cantavam: “Comunidade unida não será vencida...”
A partir dessa mágica real,
Desse encontro tão utópico para o mundo moderno,
Eu vi corações humildes encontrando-se com Deus.
É o povo fazendo experiência do Deus da vida,
Presente no dia-a-dia dos pequeninos.
É isso aí!
Acácio Nunes