Projeto de felicidade

De um mundo falso não vou compartilhar.

Não vou esconder os pêlos, os apelos. Não vou engasgar o choro. Não vou engolir o grito.

Não vou forçar o beijo nem vou censurar meu abraço. Não vou mais apertar o passo. Não vou mais viver lá fora olhando pra dentro. Vou viver eu mesma olhando as estrelas.

Ninguém come as fatias do bolo da infelicidade comigo. Ao menos as fatias da felicidade comerei mais docemente.

Não vou mais me desculpar pela letra, vou escrever para não morrer.

Vou desaguar melodias, deitar oferendas, bradar preces. Conversar com os anjos, fazer planos, desenhar casas... vou tentar de novo ainda que seja improvável.

E espalhar aromas, me envolver em brumas, fumaças de incensos e toalhas macias. Sair à toa na chuva, deixar de cumprir certos compromissos. Ler o livro certo na hora inoportuna.

Porque quando se me findar o tempo, sabe-se lá se poderei fazê-lo em outras casas.