A Aberração da Luz
 
Quando aquela menina ainda tão pequena apontou pela primeira vez seu telescópio para o céu noturno e as centenas de milhares de quilômetros que a separavam de todo aquele espetáculo de luz e beleza foram reduzidos pela magia de uma simples lente de vidro, seus pequeninos olhos puderam enfim sondar os segredos do céu e o destino do universo.

Em êxtase, a menina vislumbrou a lua linda e distante, se admirou com suas crateras e distinguiu as sombras que se projetavam naquela superfície pálida.

Com lágrimas a embaçar-lhe os olhos, contemplou Júpiter e seu séquito de luas, se maravilhou com as fases de Vênus e de Mercúrio e se emocionou com os deslumbrantes anéis de Saturno.

E naquele instante, quando o insondável se revelou simples e nu e ela, em sua inocência, contemplou tudo aquilo que antes lhe parecia inalcançável, toda a beleza do mundo invadiu seu corpo, sua mente e sua alma...

A pequena menina, então, se apaixonou pelo infinito e pelo eterno e desde aquele dia nada mais na Terra lhe bastou...

(...)

 
Esse texto simples e escrito sem grandes pretensões foi inspirado na lembrança da primeira vez em que eu observei o céu através de um telescópio e também no livro Pálido Ponto Azul, de Carl Sagan, que foi indicação do meu amigo mais que especial, Jota Alves que me ensinou, dentre outras coisas, a gostar de ficção científica.
Fefa Rodrigues
Enviado por Fefa Rodrigues em 17/10/2018
Reeditado em 16/01/2019
Código do texto: T6479134
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