Proposta indecente

A gente cobra muito do amor. Aprendemos com novelas, filmes e nos cenários mais ilusórios da vida que ele é obra perfeita, mas nos esquecemos que não passa de eternos rascunhos. Esse tal do amor utópico que nos faz buscar as certezas mais cabíveis no olhar de cada um e, assim, se faz inatingível.

Acabei de assistir a uma história de um casal com longo tempo de romance e cumplicidade, o qual acreditava, cegamente, que eram invencíveis e poderiam ultrapassar a moralidade, para alcançar um certo fim. Até que descobrem que não é dessa forma. A ambição - diria necessidade - se mistura com qualquer resquício dessa intensa paixão e o que sobra são cactos da relação. Um outro alguém reconhece a nobreza do sentimento e que liberdade é deixar ir quem se ama, por mais estúpido que se mostre no desenrolar.

De fato, relembrando uma passagem: “as pessoas não se esquecem do que fazem uma a outra. Se continuam juntas, não é porque se esquecem, mas porque perdoam.” Perdoar é mesmo uma evolução de espírito. Perdoar é o próprio amor em muitas ocasiões. Quantos amores foram perdidos pela falta de compreensão? Quantos se perderam por achar que tinham alguma razão? Aquela ferida que, nunca, cicatriza, ou a gente prefere acreditar que não, talvez, porque reviver a dor nos faz perceber a existência e nos conforta em saber que estamos vivos.

Muitas vezes, o sofrer por amor acalenta de uma maneira paradoxal, que nega a felicidade pretendida. Praticamos o autoengano a todo instante e isso confere uma certa harmonia. Amamos calados, cegos e surdos. Que absurdo é o amor!

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 11/10/2018
Reeditado em 21/05/2019
Código do texto: T6473069
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