O coração e o tempo
O CORAÇÃO E O TEMPO
O coração órgão vital do corpo humano, bate o tic-tac, pulsando o sangue para irrigar todos os tecidos, mesmo as células menores, que temos. Seu ritmo normal é equilibrado, igual aos batimentos do relógio de corda, que marca o tempo que escorre, como antigamente fazia a ampulheta. Ao relógio, dá-se corda ou coloca-se pilha nova, para fazê-lo funcionar ou voltar a bater. E ao coração? Qual seria a alavanca que daria vida a este batimento? O amor? Mas há tanta vida solitária e infeliz que bem que preferiria que ela se acabasse e, o coração insiste em continuar batendo. Às vezes, em crianças recém-nascidas, o órgão jovem, recém iniciada sua função, já começa com problemas e pedindo o socorro de um transplante. Quando um adulto tem o coração transplantado de um doador morto, será que as doçuras e amores do que se foi, permanecem vivas no transplantado? O tempo e o coração me intrigam. De um, somos escravos; do outro, somos o invólucro. De ambos, dependem os nossos amores, nossos sucessos, nossa arte e criatividade, nossa generosidade e egoísmo, nossa gratidão e nosso esquecimento. Quantas vezes ouvi minha mãe dizer: "com o tempo, passa". Será que o tempo é remédio e deveria ser vendido em farmácia? Se isto é verdade porque não colocam o tempo em embalagens unitárias e distribuem nos postos de atendimento aos necessitados? Postos de saúde? O tempo melhora a saúde ou com o tempo, a nossa saúde fica mais precária? E o coração? Ao inverso da sabedoria, que aumenta com o passar do tempo, o coração diminui a sua capacidade. Tão parecidos estes dois, e tão diferentes ao mesmo tempo. Mesmo tempo? Poderia dizer mesmo coração? Que disparate de tempo e desperdício do coração, ficar fazendo estas conjecturas. Acho que tenho que aproveitar mais o tempo, preservando o coração para os sentimentos nobres de gratidão e amor pelas pessoas e, principalmente, pela vida, que é o "tempo de duração do coração!".