SOB A LAVRA DAS PALAVRAS (GULAR)
...
Já no pé do eito...
Rastelando a leira
Sob sagrada relação...
Fazer desse jeito
Uma vida inteira
É de fato crer na criação...
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É semear pra colher noutro dia...
Ainda que na rima que rima sem norma de forma “rota”...
É a mesma? Sim, é a mesma, mas é “ôta”...
E há outra lá dentro, no centro, da rima que é oca...
Você já viu malandro marcando toca?
A rima é “ôca”; a operação é na boca!
Coisa de gente que desde cedo, sem medo...
Entranhada na areia igual caramujo
Brincando nesse poema sujo...
Como dizer poema sujo e não tilintar
Com as homônimas metonímias de Ferreira Gullar?
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Ah! Poesia...
Porque poesia é apenas poesia...
Lavra de palavra, carretão de duplos sentidos...
Com seus dois bois a puxar...
Permita-me gular, Gullar, reverberar, as artimanhas dessa nossa manha...
“Um bicho que o universo fabrica e vem sonhando, desde as entranhas”
Não existe gular!? Como não, se acabei de inventar...?
Gullar com dois “eles” é que é o do Ferreira Gullar
Gular só com um...
Algo ali da família da gula, matula...
Já nasce com pecado no murundu(m) da família do “ziriguidum”
Coisa das palavras que já nascem rimando, malandro, com “um sete um”
...
(Depois de três tragos daquilo ou naquilo que trago)
O que que eu rimo com quem bateu a nave?
Se eu fosse ave, a intervenção, bateria na trave,
Seria, na verdade, nas proximidades do saco gular...
Mas o gular que “acabei de inventar”
Vem de gula, de vontade de se alimentar...
...
Madrugar animado...
Capinar no teclado...
Contrariar expectativa e diagnóstico...
(Inspirando cuidados),
Mas daquele tipo de ser humano humano, mano...
Espevitado; pernóstico...
Que não entrega os pontos...
Que não se entrega (ou entrega-se) aos pontos...
Ah! Poesia...
Feliz, eu aqui, assim, até morreria!