Você, a bagunça na minha organização.
Fucei minhas gavetas, joguei fora fotografias, bilhetes e cartas.
Arrumei tudo milimetricamente, otimizei espaços e ainda separei por cor.
Organizei meus livros, tirei o pó, selecionei, descartei, planejei, os lerei.
Separei os arquivos do computador por assunto e cada coisa está na sua pasta correta.
Fiz tópicos na agenda, os cumpri.
Mexi na minha mesa de trabalho, joguei fora papéis velhos, resolvi pendências, ousei.
Agora, estou até cumprindo cronogramas.
Tudo isso na tentativa de organizar as coisas aqui dentro - os pensamentos, sentimentos e expectativas.
De vez em quando me vem uma saudade de antes, mas daí vem você, minha sina, que desfaz minha rotina e inebria minha narina.
Você que, sem máscaras, me ajuda a mexer no baú empoeirado dos sonhos.
Vem você que, no mundo de miopias, conseguiu enxergar-me por trás da casca e das formas e, mesmo assim, me acha linda.
Vem você que me inspira a querer escrever outras histórias, que me despe com suas palavras, me acaricia com suas rimas, me enfeitiça com a sua fantasia.
Vem você que me beija, revira minha retina, entontece minha cabeça, embebeda minha terra vazia e me mostra que vale a pena e eu costumo apostar em coisas que valem a pena. Daí vem você e aposta mais alto, sem medo de perder.
Vem você que transforma a nostalgia em poesia, a tristeza em alegria e o comum em magia.
Daí vem você...
Vem você, a bagunça na minha organização, o imperfeito na minha perfeição.
Você, meu escape da realidade, meu suspiro, meu grito de vontade, meu suor, meu delírio, minha paixão.