ALGA VISIONÁRIA

Alga que sou, contemplo a superfície; há o desejo contido de luz,

A qual obtenho parcimoniosamente.Fixo-me sem raízes,ondulosob o fluxo,

Imóvel, inerte, inconsciente de meu papel no todo,

Já não contemplo a vida nem um futuro,

O talo enrijecido afiança-me chegado o futuro,

Sou eu mesma quem fabrica a essência de minha vida.

Há um vasto oceano que jamais conhecerei,

Só entendo o que esteja ao alcance de meu organismo.

Por isso, cismo, cismo, cismo neste meu egocentrismo.

Como alga tenho ego algo cego. Competirei com semelhantes pela luz.

Um dia desprender-me - ei para que a corrente me leve,

Clorofícea ou feofícea tanto fará o que fui.

No momento sei que em meu corpo algo galga,

Algo gaguejante me galga pelo tolo talo que me sustém;

O corpo então se ondula, agitado contra a vontade.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 28/09/2018
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