ALGA VISIONÁRIA
Alga que sou, contemplo a superfície; há o desejo contido de luz,
A qual obtenho parcimoniosamente.Fixo-me sem raízes,ondulosob o fluxo,
Imóvel, inerte, inconsciente de meu papel no todo,
Já não contemplo a vida nem um futuro,
O talo enrijecido afiança-me chegado o futuro,
Sou eu mesma quem fabrica a essência de minha vida.
Há um vasto oceano que jamais conhecerei,
Só entendo o que esteja ao alcance de meu organismo.
Por isso, cismo, cismo, cismo neste meu egocentrismo.
Como alga tenho ego algo cego. Competirei com semelhantes pela luz.
Um dia desprender-me - ei para que a corrente me leve,
Clorofícea ou feofícea tanto fará o que fui.
No momento sei que em meu corpo algo galga,
Algo gaguejante me galga pelo tolo talo que me sustém;
O corpo então se ondula, agitado contra a vontade.