Ver de novo vale a pena?
Recordo, sensibilizado, quando ia ao colégio – colégio religioso, Ordem Salesiana.
Aulas até às 12 horas, por aí – e o cansaço, vontade de estar em casa, deitar na rede, relaxar.
A cabeça vinha cheia. Eram números, gramática, francês, inglês, geografia, desenho, história, religião.
Regressava para casa. Ah, quanta rotina nos quatro anos do velho curso ginasial.
A turma, bem, a turma era de bons companheiros. Por onde andam, não sei...
Voltada para casa.
A manhã terminava. Mais uma – ou menos uma, não sei bem. O tempo correu, se foi.
O ginasial acabou.
Mas restou-me no peito algumas lembranças. De minha. Eu, adolescente.
Anos 1970.
Minha rua era tosca. Casas simples.
Havia pessoas, vizinhos. Claro, muitos se foram – morreram.
Há quem vive ainda, já com boa idade. Há os que não estão tão velhos. Há.
Lembro de um vizinho, Adão.
Já partiu.
Recordo de Fátima, também moradora próximo de casa. Gostava de vestir short – tinha ela um corpo bonito, pernas bem feitas, cintura.
Adão a via exibindo aquele corpo bem traçado – e não resistia: –-- Como és boa, como és “gostosa”!
Fátima, gostava e não gostava da brincadeira.
---- Vai tomar banho, seu “sem vergonha”! Ela o repelia.
Não sei, essa fase, tinha eu uns 14, 15 anos, me fascinou – me fascina até agora.
Me vem à mente, vez por outra, recordações dele, desse tempo. Lembro de um cidadão, Mariano seu nome.
Não sei se ele é comunista – ou não. Me emprestou um livro sobre materialismo. O li.
Havia uma afirmação nele contestando o azul do céu.
Dizia-se que o céu era azul por ser a morada de Deus. O livro explicava que o azul nada mais é que o reflexo das águas dos oceanos na atmosfera.
Li ainda outro livro, bem vendido, o “Eram os Deuses Astronautas?”. O autor era (ou é, não sei se ele está vivo) alemão.
Era uma hipótese de que as grandes obras humanas do passado (pirâmides, as cidades dos incas, a muralha da China) teriam sido erguidas sob a orientação de seres de outros planetas, os extraterrestres.
Não sei se tal teoria (hipótese) ainda tem adeptos, hoje.
Retorno à velha rua, na imaginação.
A Madalena, Celeste, jogo de bola na rua, o grupo escolar, o assanhamento com as garotas.
Rua agora bem diferente, lógico. Não sei se nos faz bem recordar. Bem, creio que, de vez em quando, sim, faz bem...
Ando por ela, a rua.
E vivo duas vidas: a velha e a de hoje.
Muita coisa ficou para trás. O presente, daqui a pouco, será velho, já ido.
Não sei como utilizar isso, isso que para trás ficou. Que está sepultado.