Mas o senhor se foi...

Pai, hoje, eu só queria me recolher nos seus braços e me proteger de toda a maldade do mundo.

Igual como o senhor fazia quando eu era criança.

Eu sabia que em seus braços eu estava segura e que nada conseguiria me ferir, porque mesmo que algo me atingisse eu o teria.

Mas o senhor se foi...

Mesmo eu te querendo com todo o meu querer e te amando com todo o meu amor!

E, hoje, eu só queria estancar meu coração.

O senhor sempre me dizia que eu conseguiria tudo que eu quisesse se eu lutasse, mas, infelizmente, o senhor estava errado nisso, porque eu lutei com todas as minhas forças para te ter aqui.

Mas o senhor se foi...

E, hoje, nada e nem ninguém consegue preencher a ausência do seu sorriso e nenhum silêncio traz tanta paz quanto a sua voz.

E eu sinto falta de ouvir as suas histórias de vida, do seu jeito espontâneo e alegre de ser, das suas perguntas sobre o clima e a demografia dos lugares para onde eu viajava e até dos emojis sem sentido que o senhor me enviava quando estava com saudade.

Mas o senhor se foi...

E a sua imagem ainda está muito viva na minha memória, de tal forma que eu conseguiria dizer a quantidade de rugas que formavam em seu rosto quando sorria ou a quantidade de cabelos brancos na sua cabeça.

Mas o senhor se foi...

E eu ainda te procuro por todos os lugares, ainda olho para a sua cama quando entro no seu quarto e ainda sinto a sua presença em tudo.

Mas o senhor se foi...

E eu estou aqui só tentando seguir, mesmo sem forças, mesmo cansada e mesmo sem vontade ou razão.