A VIDA FAZ SENTIDO SOMENTE PARA QUEM DE FATO A SENTE

Houve um tempo em que percorri uma centena de mundos

E devorei, nas bibliotecas, um milhão de volumes de prolixos livros

(quanto papel inútil, ó meu Deus!

e quanto papel de bobo, de minha parte!)

E, nos cemitérios do mundo, me afundei em tantos requintados túmulos

E viajei... e dissipei-me, sem notar, a dada dia

N’escuridão que em tal grau à minha frente s’estendia

A que fazia de minh’alma uma cobaia de laboratório

"E então, a vida faz sentido?

Ao que agora a mim pergunto

Com certeza, somente para quem a sente

E não tanto, par’aquele que apenas fica a orná-la... com palavras

Para tal, a vida não faz... o mínimo sentido

E por quê?

Simplesmente porque ele não a sente

Ou visto que, de verdade, não a vive

Viver e sentir

Sentir e viver

Ou deveria ter trocado a devida conjunção: “e”

pela outra a que assim faria a real diferença: “ou”?

E d’outra maneira eu, portanto digo:

"Viver ou sentir"

"Sentir ou viver"

Explicar-me-ei melhor, pois:

Quem melhor conhece o sexo a que de fato o sente:

O ilustrado e prolixo sexólogo com suas teorias

Ou seria, em verdade, e na prática, o ator pornô?

E quem saberia melhor a respeito do amor:

Seria o religioso?... o filósofo?... o psicólogo?... o "especialista"?...

Ou seria apenas aquele que ama... sem saber “por quê” ama?

Ah, quantos faladores cadáveres a que aqui s’encontram:

Em cada esquina da vida!

E todos falam... de tudo

Embora não sabem... de nada

Nas lorotas sem conta do que dizem aos quatro cantos do mundo

E o que é pior:

A conduzir tantos mil outros cegos para os sepulcros de seus sofismas

Ah, e quantos não têm agora aquela vontade de “pular do bonde”!

Contudo, não têm coragem

E se acomodam... e morrem... por que não sentem mais a vida

Ou permitiram ser sequestrados de suas almas

Ai, salte depressa de teu barco, ó pobre alma

E atira-te, sem medo neste teu mar

Não faz sentido viver mais assim

Neste irreal mundo em que conheces a receita do melhor dos manjares

Todavia, não o provas e, por isso, nem o comes

E assim, o que preferes tu nest'instante:

Ser o eloquente orador d’uma tola platéia a falar sobre sexualidade

Ou ser o amante d’uma fogosa morena a estar com ela agora numa cama?

E então

No corpo de qual gostarias de estar... neste momento?

A vida está passando

Pense bem

A que ninguém venha a esquecer:

A vida faz sentido... somente para quem de fato... a sente

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 14/09/2018
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