Corações disfarçadamente endurecidos?!...

(...) A rigor mesmo, com o passar dos anos, confesso que fui tornando-me cada vez mais seletivo em relação as minhas escolhas de amizades...

... E assim, quanto mais me isolava das pessoas, deixava de angariar profundos "poços de virtudes e perfeição", devidamente "disfarçados" de seres humanos naturais... e na mesmíssima proporção em que "apertava" o meu espírito, quase sem perceber também assoberbava a minha alma e endurecia o meu coração. Aliás, sei que ninguém acreditaria se eu aqui confessasse quantas vezes cheguei mesmo a sonhar que por magia, força divina ou até mesmo por intermédio de uma intervenção cirúrgica, amolecia o meu coração, tornando-o verdadeiramente humano, maleável, amoroso e receptivo a todos que se me aproximassem dali em diante; inclusive, e mui especialmente para todas aquelas pessoinhas que se fizeram presentes - e presente! mesmo que apenas por um instante, na minha vida. Amáveis pessoinhas aquelas! ainda que portadoras de minúsculos, grandes e ou assustadores defeitos... somados a algumas poucas mas palpáveis e perenes qualidades, bem como a uma ou outra pequena mas sempre bem-vinda virtude - dessas qualidades e ou virtudes reais que fazem a diferença e promovem mudanças assaz positivas na vida de todos -, pois expressadas em amorosas e fraternalmente produtivas atitudes.

Essas criaturas, pasmem, nunca foram criaturas simplesmente humanas, e assim absolutamente normais. Mas pessoas no seu completo sentido semântico, humano, e de indubitável origem divinal.

Então, convivendo mais assiduamente com estas últimas, certamente eu mesmo me permitisse vir a ser abençoadamente semelhante a eles! e assim, quiçá até mesmo um naquinho verdadeiramente misericordioso, generoso e compassivo... quem sabe mesmo, eu assim me humanizasse mais, bem mais, e aceitasse agradecidamente aqueles que tentaram mudar meus instintos e procedimentos assaz invasivos...

...Certamente isso seria bom, muito bom. (...)

Armeniz Müller.

...O arrazoador poético.

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