Espera
Nada mais poderia surgir de um amontoado de terra.
As mesmas cores, o mesmo cheiro molhado de estações diferentes, as mesmas horas marcadas.
A expectativa do momento crucial, e o mesmo menino sentado, todo dia, na mesma janela.
O céu sempre diferente enfeitado de rosa, laranja, cinza, lilás e incontáveis tons do amanhecer.
O mesmo pedido na ponta da língua, a mesma linha de pensamento.
Olha pra o céu, olha pra cima, olha pro céu...
Sempre a janela aberta, sempre à espreita.
Sem que se possa contar como ou quando, sem o tempo certo.
Finalmente ele vê o cometa, tão pequeno e tão rápido,
Nem lembrou de fazer o pedido porque por mais que ele esperasse, nunca pensou em vê-lo.
Mas ele riu e tudo se modificou, todos os dias, era o que ele pensava ver.
E viu, seu cometa barulhento e rápido. E só seu.
E ele mudou.
Seu cometa.