Destinos e Alecrim

Cheiro de alecrim.

Às vezes, bons ventos nos trazem destinos com cheirinho de alecrim.

Mas nem sempre é assim.

...

Realidade truculenta.

Trepidante.

Me perco, todos os dias, entre quem sou e quem deveria ser.

Não me encontrei.

Mas tenho um encontro com a Morte, só ela sabe o dia.

São os encontros e os desencontros desenhando a Vida.

[...]

Há em mim um inverno.

Está escurecendo. O tempo tem passado.

Passado, presente e futuro.

Futuro que está por vir. Virtudes que nunca terei.

Os amanhãs nos aguardam.

O destino brinca aleatoriamente.

O destino me joga para o alto, e onde eu cair, caiu.

Cadeados. Tranquei, às pressas, com cadeados, os afetos que moram em mim. Disse a eles que nunca mais sairão.

Meus afetos foram, todos, muito afetados pelos desafetos alheios.

Meus afetos tão pobres e fracos.

Afetos fadados ao fracasso.

Eu sabia de quase tudo, outro dia.

Foi um dia desses.

A infância é um punhal cravado no meu peito.

Não pode mais ser removido.

São conflitos, traumas, feridas.

Uma mistura de lembranças felizes e sangrentas.

Destinos incertos.

Certezas infundadas.

Tudo, tudo é uma bagunça.

Eu disse, eu disse, outro dia.

Foi um dia desses.

Eu não lembro mais.

Eu perdi o chão quando tentei entender.

Eu continuo sem chão, e não entendi nada.

Eu peguei a bicicleta e percorri a cidade. Com destinos confusos.

Foi outro dia.

Eu fui... Eu fui andando pela cidade, pela vida, por sei lá onde.

Vislumbramos um mar bravio.

[...]

Vislumbrei tanta coisa naquele tempo de criança.

Tanta coisa me parecia possível num futuro distante.

Eu ando com certa dificuldade de lançar um olhar esperançoso para o mundo.

Eu sinto que fui partida.

Eu me sinto caquinhos.

Triste, cortante.

Eu me sinto condenada a me condenar.

Eu sinto que estou incapaz de sentir qualquer coisa.

E sinto que tenho sentido tudo.

Só não tenho visto o sentido de nada.

Eu perdi muito de mim por aí.

Eu sou caquinhos espalhados pelos lugares afora.

Então, cuidado!

Mantenha-se longe deles. Porque eles são tristes e cortantes.

Às vezes, bons ventos nos trazem destinos com cheirinho de alecrim.

Mas nem sempre é assim.

Thaís Carmo
Enviado por Thaís Carmo em 10/09/2018
Reeditado em 11/02/2019
Código do texto: T6445066
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