Nada temam

Para Guga e Maurício

Bem cedo, logo ao descer os pés ao chão, sinto um ligeiro torpor dominar seus sentimentos. A certeira rotineira de ver vocês ainda tão tenros serem expulsos de seus sonhos, ainda não existentes, faz com que eu me sinta como um pássaro recém libertado buscando tudo aquilo desejado e agora perdido.

Concentro minhas esperanças e as espalho por seus cabelos, como querendo levar até suas mentes a vivência do hoje. Depois, ao ver meu semblante refletido, murmuro para a luminosidade doída do quarto aquecido: “Nada temam.”.

(19.09.1980)

Alexandre Sansone
Enviado por Alexandre Sansone em 06/09/2018
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