AGRESTE MINEIRO
Sol ardente, terra seca, montanhas azuis e distantes.
Barulho de pequenos riachos que descem por entre os juncos.
Na beira da barranca, um terreiro sujo,
com pedaços de pau e sabugos espalhados pelo chão.
Um paiolzinho feito de bambu, coberto de sapê e de uma porta só.
Uma porteirinha feita de arame, um pequeno coxo para debulhar
o milho para o Ligeirinho, um cavalinho já bastante idoso.
Uma choupana branca com a barrada toda amarelada de sujeira,
devido aos respingos das chuvas.
E um telhado feito com telhas de bica, todo escuro, devido à fumaça do
fogão a lenha e dos raios do sol que por entre as mangueiras,
descem sem piedade até às telhas envelhecidas.
Na cozinha, um pau piúca no canto,do antigo e fogão de taipa,
que lentamente vai queimando e mantendo a água morna.
O canto dos pássaros na moita de bambu, localizada no fundo da barranca,
mostra que ainda há vida naquele lugar.
Debaixo do pé de mangueira,
juntamente com o galo Xitão, a galinha Girassol,
e o cachorro Vagalume, dorme tranquila e sossegada,
a Meca, uma cabrita que não deixa
faltar o leite para a criançada.
Na sombra do lado direito da mangueira,
ginipapo, um porquinho gordo,
ronca firme à medida em que a tarde vai passando.
O sol vai castigando,
o silencio paira naqueles ares de Serraria,
interior do agreste mineiro.