O FARDO DO NASCIMENTO
Nunca quis ser, nunca quis suportar esse peso, mesmo assim fora me dado sem ao menos a chance de rejeitar. Nasci tendo que carregar e foi assim que Deus quis, ele escolhe, decreta e infesta o ser de pesos predestinados a serem carregados com a premissa do livre arbítrio, aquele ao qual você não tira o fardo, e sim decide em qual caminho carregar. O peso é quase que fatal e por vezes leva a morte, ele vem em sacos fechados e foscos, com pouca refração da luz, para que você decida como e quando mostrar. O peso é preso, preso a você que se prende a aceitar o dia de abrir. A sociedade exige, exige tanto que o interior seja exposto, e quando posto a prova, ela rejeita. A sociedade não aceita e mais um peso é imposto ao seu fardo, que tardiamente te colocará a descer por sete palmos, sem chance de soerguimento. Você carrega com a premissa que tudo vai mudar, porém, fatadicamente, o fim é trágico, e do que adianta lutar? Eis o questionamento que te faz sangrar todos os dias em busca da hemorragia fatal. Você suplica tanto que o pranto rola e escorre pela face expressivamente marcada por linhas tristes. Descem amargamente corrosivas, danificando cada célula que tendia a se renovar e te refazer, entretanto você suporta.
O fardo foi dado e se não carregado, o que fazer da vida? E a morte? E a sorte? Como adquirir? Vale a pena aceitar que Deus quis assim e sentir na pele a ira das pessoas, pois sem escolha eu digo, através da minha garganta seca - "amém".