Alvorada
Tu caminhas aí sozinha
Nesse quarto de madrugada,
Entre as horas enjauladas
Pelas lembranças, arrependida.
Nas vielas esquecidas,
E no medo que esconde a noite,
Com o som metálico da foice, afiada.
Pensas, será a finitude dessa estrada!
Tão sofrida, na vida angustiada
Das agruras choradas em tantas meias-noites.
E te esqueces que nas noites brilha a Lua
Tão sincera e nua, fitando tua lamúria.
Tu te esqueces que a coruja espia, ela fita
No escuro aguçada, misteriosa e empoleirada.
Tu não vês as estrelas? São incontáveis.
Elas brilham e conversam sobre a natureza perene.
Esqueces também, quem anda pela noite
Tão vagarosamente, sempre vê o raiar do dia.
E como as agruras da noite, as da vida
São levadas sempre no novo amanhecer.