Caixa de sonhos
A felicidade sempre foi a meta. Os bens adquiridos, os valores adicionais e as oportunidades, trouxeram-me apenas valorização social.
Ações na bolsa de valores e títulos,foram moedas fortes para a segurança imaterial. A maturidade me fez sentir investir no paraíso sempre dos meus sonhos.
Aprendi que nenhum amor é dócil. Ele só existe nos contos de fadas. Ao despertar, me senti embalada numa caixa de sonhos.
Numa tarde de dezembro, deprimida, contornei rapidamente os olhos com um lápis azul e a boca com vermelho intenso. Essa cor passou a representar meu sexo; ser mulher, trouxe-me momentos de agruras redobradas. Mas não me arrependo dos delírios vividos e das horas passadas nos braços de amores conquistados.
Nesta sociedade de consumo, só inteligentes os acham que podem sobreviver. Somos transformados em máquinas para acelerar a produção. O excesso de ruído deixa-me invisível.
A tua alma continua colada à minha, o barulho das ruas abrem fendas no meu corpo. A flores que me deste, ao lembrá-las, voltam ao tempo. As pétalas saem pela boca.
Esperei demais. Não tenho mais forças para continuar a viver ilusões. Deixo-te como se deixa a paixão adolescente por um artista de cinema.