IRONIA DO DESTINO
Um dia passando pela feirinha
Vi um garotinho desajeitado
Porém deveras danado
Pedindo frutas, arroz e farinha.
Algumas bancas negavam
Outras com pena ficavam
E ele de tão mal criado
Comia as frutas que fora jogavam.
Então pensei: que menino arteiro!
Aprontando o tempo inteiro.
Merece um castigo certeiro.
De moto por ele passei
E lama sobre ele joguei.
Ri tanto da cara do moleque
E falei: bem feito "filha da peste"
Lição nele eu dei.
Passado por alguns dias
Sentado no banco da praça
Lá vem o menino sem graça
Pedindo satisfação.
Peguei meu cinto da calça
E quando a mão eu erguia
A mãe dele aparecia
E me disse: José, meu bem!
Não bata nele
Você é o pai dele
Esse menino sempre me pergunta por ele.
Sentei, chorei e vi que a culpa era minha.