(Ou o espectro)
(para meu amigo SGV)
Como doce sopro
a vida segue pela tarde,
de onde vim, nada trago.
Sou apenas um espantalho
caçando almas perdidas.
Com um corpo esquálido
desalmado e quase sem vida.
Meus olhos nada refletem,
apenas pelo infinito vaga.
O que sou? Um nada!
Quanto arrependimento...
Pensara uma vez que Deus
esquecera-se dos homens.
E debruçado sobre toda
a ambição do mundo
quis tudo possuir,
influenciar a todos
amar todas as mulheres.
Grande nefasto tornei-me
por obra de um azambrado pacto.
Enquanto a noite deitava o crepúsculo,
invoquei a mais inequívoca das criaturas.
Seu olhar lânguido engoliu-me
surgido por entre escarpas de beira mar.
Regozijei-me desse poder
que neste instante me era oferecido.
Em troca, apenas um farrapo de alma.
Assim, fui contemplado com toda sorte do mundo
aspirei todo o poder que buscava de forma vaporosa,
que em meus pulmões adentraram,
espalhando-se pelo sangue.
Senti-lo, ao ver refletido no mar
um rosto mais jovem sobre um corpo apolíneo.
Dali dirigi-me a uma torre de poder descomunal
de onde tripudiei os que me assemelhavam
com inédita fúria e despudor.
Tornei-me imperiosamente soberano.
Com o transcorrer dos anos,
percebi que não conhecia
mas a sublimidade do amor,
sequer a sinceridade da amizade.
Todas as minhas relações eram espúrias.
Pois, delirava entre orgias, poder e luxo.
Um mero bufão de uma ópera esdrúxula.
Era dotado de uma falsa imortalidade.
Que embora o tempo passasse
ninguém ali envelhecia
e nada de real acontecia.
Habitava um mundo bizarro...
O que de fato acontecera comigo
após aquele crepúsculo fatídico?
Eu nada sabia!
Havia hibernado-me num limbo
desde o maldito trato.
Subitamente fui tomado pela dúvida.
E a besta fera então reconvoquei:
O que fizestes comigo e minh’alma?
Perguntei-lhe.
Ela ironicamente respondeu-me:
Nada, do que realmente não desejasse.
Habitas somente a mentira.
Na realidade és somente meu conviva no inferno.
A séculos reinas onde não há reis,
e dorme com mulheres, que não passam
de caricaturas agonizantes.
Enfurecido então pela sinistra traição,
arrependi-me de tamanha asneira
e roguei a Deus que piedoso, livrasse-me
de tão terrível martírio.
Misericordiosamente fui atendido
e sentenciado a reencontrar a minha alma,
a qual havia afugentado,
nas vastidões do infinito.
Peregrino desde então indefinidamente
no mesmo corpo numa busca incessante.
Contemplando a vida tão prenhe de paixão.
E embora momentaneamente
seja eu, um espectro.
Anseio vigorosamente torna-me humano
e perder-me alegremente
em meio a fabulosa civilização.
Nota: Esta é uma obra de ficção.
(para meu amigo SGV)
Como doce sopro
a vida segue pela tarde,
de onde vim, nada trago.
Sou apenas um espantalho
caçando almas perdidas.
Com um corpo esquálido
desalmado e quase sem vida.
Meus olhos nada refletem,
apenas pelo infinito vaga.
O que sou? Um nada!
Quanto arrependimento...
Pensara uma vez que Deus
esquecera-se dos homens.
E debruçado sobre toda
a ambição do mundo
quis tudo possuir,
influenciar a todos
amar todas as mulheres.
Grande nefasto tornei-me
por obra de um azambrado pacto.
Enquanto a noite deitava o crepúsculo,
invoquei a mais inequívoca das criaturas.
Seu olhar lânguido engoliu-me
surgido por entre escarpas de beira mar.
Regozijei-me desse poder
que neste instante me era oferecido.
Em troca, apenas um farrapo de alma.
Assim, fui contemplado com toda sorte do mundo
aspirei todo o poder que buscava de forma vaporosa,
que em meus pulmões adentraram,
espalhando-se pelo sangue.
Senti-lo, ao ver refletido no mar
um rosto mais jovem sobre um corpo apolíneo.
Dali dirigi-me a uma torre de poder descomunal
de onde tripudiei os que me assemelhavam
com inédita fúria e despudor.
Tornei-me imperiosamente soberano.
Com o transcorrer dos anos,
percebi que não conhecia
mas a sublimidade do amor,
sequer a sinceridade da amizade.
Todas as minhas relações eram espúrias.
Pois, delirava entre orgias, poder e luxo.
Um mero bufão de uma ópera esdrúxula.
Era dotado de uma falsa imortalidade.
Que embora o tempo passasse
ninguém ali envelhecia
e nada de real acontecia.
Habitava um mundo bizarro...
O que de fato acontecera comigo
após aquele crepúsculo fatídico?
Eu nada sabia!
Havia hibernado-me num limbo
desde o maldito trato.
Subitamente fui tomado pela dúvida.
E a besta fera então reconvoquei:
O que fizestes comigo e minh’alma?
Perguntei-lhe.
Ela ironicamente respondeu-me:
Nada, do que realmente não desejasse.
Habitas somente a mentira.
Na realidade és somente meu conviva no inferno.
A séculos reinas onde não há reis,
e dorme com mulheres, que não passam
de caricaturas agonizantes.
Enfurecido então pela sinistra traição,
arrependi-me de tamanha asneira
e roguei a Deus que piedoso, livrasse-me
de tão terrível martírio.
Misericordiosamente fui atendido
e sentenciado a reencontrar a minha alma,
a qual havia afugentado,
nas vastidões do infinito.
Peregrino desde então indefinidamente
no mesmo corpo numa busca incessante.
Contemplando a vida tão prenhe de paixão.
E embora momentaneamente
seja eu, um espectro.
Anseio vigorosamente torna-me humano
e perder-me alegremente
em meio a fabulosa civilização.
Nota: Esta é uma obra de ficção.