Recomeçando sempre

A esperança do amanhã

Nos faz vivos e cheios de planos

Embora as coisas continuem as mesmas

No tempo do velho relógio parado

As cores desbotadas nos retratos

As roupas amassadas nas gavetas

O mofo no espelho embaçado

As palavras soltas ao vento

O tempo ainda é o mesmo na velha estrada

O carro de boi largado num canto

O fogão à lenha esquecido, cinzas

A rede de tecido apodrecido na varanda

A goiabeira tombada no quintal

O paiol sem estoque de milho

Carregado de lembranças

A goteira no telhado antigo

O tempo continua sendo o mesmo

Os lugares ainda são os mesmos

As coisas estão como deveriam estar

Só nós mudamos...

Os risos de infância se calaram

Os projetos foram largados de lado

Nos perdemos cada qual em seu sonho

Mas o tempo ainda é o mesmo

Cavalgar sem cela

Correr na chuva

Rir e chorar alto

Viver sem noção de hora

Afinal, o tempo não tem pressa

Não tem relógios e nem bússulas

Essas são invenções nossas

Pra fazer tudo tão sem graça e tão sem "tempo"

Marina Liberato

Mabe
Enviado por Mabe em 22/08/2018
Reeditado em 01/05/2022
Código do texto: T6427049
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