O circo

Acabou-se o riso. A lona é jogada ao chão. Gritos ecoam pelo espaço frio do campo minado. O dia, lamacento, impede que a ordem se instale e o país permanece incompreensível. Os homens de capa espalham boatos sobre o fim do mundo, mas a multidão permanece em frente à tevê, esperam o próximo capítulo de uma novela indecente, pra anestesiar suas dores. Os refletores se acendem e o zumbido do tempo desperta os monstros dentro da memória, assim as coisas recomeçam. O palhaço morreu, não importa, ainda vai ter espetáculo, enquanto o circo existir.

João Barros
Enviado por João Barros em 22/08/2018
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