Eu amo alguém que posso chamar de eu
Eu amei alguém.
Alguém que se vestia de preto ou cinza. Algumas vezes de poesia, outras permanecia lisa, mas sempre de preto ou cinza.
Ouvia rock na mesma intensidade que ouvia reggae, e quando podia, fazia da chuva seu melhor som. Dançava ao som de qualquer coisa, e quando não havia qualquer coisa, aprendia a apreciar a quietude.
Eu amei um certo alguém que podia amar mais de um.
Mantinha a calma para receber a paz. Lutava contra a guerra com a própria paz, e guerreava, sem querer, contra a paz.
Amava homens e mulheres, e também a sorte de poder amar. Vivia com os olhos fechados e pelo amor se deixava guiar.
Tinha como indecisão o preto ou a cinza, o liso ou a poesia. O rock ou o reggae, o drama ou a comédia.
Amava tanto o sol quanto a lua, mas no seco sempre preferiu a chuva. Tanto vinda do céu quanto de um corpo com a alma a gritar, junto ao coração a disparar.
Eu amei alguém que amava a si mesmo, que gerou o amor no mundo para com o próprio mundo.
Eu amei alguém que pude chamar de eu. No passado e no presente, pois ainda o sou.
Na ação ou na estadia, no mim ou no eu, faço de mim... mulher.