Ouroboros
Queima-se o calendário, destrói-se o relógio de sol, vilipendia-se a ampulheta – nada que eu faça para tentar interromper o fluxo do tempo me é útil, uma vez que somente consigo assolar seus símbolos, suas medidas, não ele em sua essência.
Sai ano e entra outro, sai semana e entra outra, e eu não consigo me desvencilhar de mim mesmo, não consigo fazer minha vida se constituir numa linha reta, contínua; ela sempre insiste em se mostrar como um círculo, fazendo-me dar voltas e voltas para chegar ao mesmo destino.
Conclusão: prossigo numa caminhada ininterrupta, cujo fim é o próprio começo dela.