Voltar é possível..
O embuá passeava solenemente pela sala de chão batido.
A cama se destacava forrada elegantemente com a colcha de fuxico,com cores variadas sobra das costuras feita por minha avó.
A mesa forrada com toalha de crochê,bordada com os dizeres:aqui reina a felicidade.
O velho relógio Kuko quebrava a monotonia da noite chuvosa.
Eu concentrado ficava,admirando a lagartixa hipnotizando o mosquito,que desfilava na travessa de angico preto que segurava a cobertura de sapê.
Deitado no colo acoxegante de minha avó,recebia o inesquecível cafuné daquelas mãos cansadas pelo mais de noventa anos,mais que nunca perdera a ternura.
Tinha medo do boitata,do cavalo sem cabeça,do lobisomem e da misteriosa mãe d'água.
A felicidade e o medo me faziam adormecer.
Minha avó reunia forças e me levava até a cama de colchão de crina com travesseiro de marcela.
A tranquilidade encurtava o tempo.
O relógio Kuko dava cinco badaladas,o galo três cantadas.
A mesa estava posta para a primeira refeição.
Café com tutu de feijão.
Não, lá não tinha pão.
Felicidade sim,parecia prantação da flor da felicidade ,agora em extinção.
Que se acabou por falta de amor e excesso de ambição.
Queria volta novamente .
Fazer tudo diferente.
Viver ali para sempre.
Sem pensar ,nunca sair.