Cascalhos aos pés
Neste meu esfacelamento, mantenho minha integridade em substância: tudo o que vivi, tudo o que quero, tudo o que sou. Impressões tatuadas em fibras cardíacas são bombeadas a cada dia pelo sangue vivo dos meus desejos.
De olhos fixos no horizonte, vejo com os pés a minha estrada: cascas, cascalhos, cacos de vidro, areia, pedras, pregos, brasas, fagulhas, restos de animais, de plantas, alimentos, seringas, remédio... Tudo reconhecido e devolvido para que a terra faça o seu trabalho.
Depois do filtro poderosíssimo do tempo, só o que há de melhor:
Água cristalina, perfume, cheiro, gosto...
Calor, amor, som...
Leve essência, fé, efervescência...
Luminosidade que,
De pé,
me eleva...
Levemente...