Cascalhos aos pés

Neste meu esfacelamento, mantenho minha integridade em substância: tudo o que vivi, tudo o que quero, tudo o que sou. Impressões tatuadas em fibras cardíacas são bombeadas a cada dia pelo sangue vivo dos meus desejos.

De olhos fixos no horizonte, vejo com os pés a minha estrada: cascas, cascalhos, cacos de vidro, areia, pedras, pregos, brasas, fagulhas, restos de animais, de plantas, alimentos, seringas, remédio... Tudo reconhecido e devolvido para que a terra faça o seu trabalho.

Depois do filtro poderosíssimo do tempo, só o que há de melhor:

Água cristalina, perfume, cheiro, gosto...

Calor, amor, som...

Leve essência, fé, efervescência...

Luminosidade que,

De pé,

me eleva...

Levemente...

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 16/08/2018
Reeditado em 16/08/2018
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