ÚLTIMA CARTA DE AMOR
Nesta carta, estão os meus melhores pensamentos e sentimentos. Bem, pensei em iniciá-la dizendo: “olá, como está você? Mas imagino que dirás secamente,” estou bem, obrigada”, e a conversa poderia estancar e perder a fluidez necessária , e como se trata de uma carta e não de uma conversa ordinária qualquer, fico mais a vontade para dizer o que sinto.
Dizer o que verdadeiramente sentimos, é provável, que seja a coisa mais difícil de fazer, por isso, pensei em escrevê-la num “estilo ternário”, pois não diz respeito a minha insignificante pessoa, mas daquilo que sentimos, ou seja, trata-se de uma força que está além de nós mesmos.
Em minha mente, milhares de pensamentos se chocam terrivelmente! Entretanto, existe um isolado lá no canto, que sobrevive, para meu espanto! Assemelha-se a uma ideia fixa, ou talvez ingênua, mas que sopra aos meus ouvidos que não devo desistir jamais do amor. Aqui não me refiro ao desejo egoísta que encarcera aquilo que temos de mais belo dentro de nossa estrutura interna, mas da potência infinitamente superior que nos esquecemos de expressar em nosso cotidiano.
Essa força amadurece diariamente, é importante afirmar, todavia, que não de forma passiva, mas a doses de muito sofrimento. Não posso reclamar quanto a isso, pois este é o meu caminho e compreendo que este seja o certo a se fazer. E sei também que devo fazê-lo sozinho, pois a liberdade é um dom divino, e não se deve obrigar ninguém a fazer o que não é de sua vontade.
Queria ter herdado a habilidade dos grandes poetas para utilizar metáforas e adjetivos à altura dessa augusta força, é demasiado grosseiro e audacioso discorrer de algo tão elevado sem o preparo adequado acerca de algo tão virtuoso. Mas peço uma licença poética, pois até a mais baixa criatura, e está escrito até nas escrituras, tem o direito e será regozijado.