viagens líquidas sobre iluminação natural.
enquanto esboçava sorrisos
elaborados para a câmera,
levemente sensuais,
imitando um modelo francês
qualquer, reparei por um átomo
de tempo, em como a luz
se infiltrava pela minha pele,
distraído do palco dos outros,
meu próprio, indaguei sobre
a fina película que envolve
nossos olhos,
sobre como vamos perdendo
partes e ganhando partes
e perdendo partes infinitamente
na roda das coisas, que desde que
o mundo é mundo que nada
faz sentido.
aplico um filtro rebuscado
sobre a forma que eu vejo
o mundo e o corpo
que se move, exposto,
animado pelas fantasias
anônimas do público
e por ele mesmo, dançando
continuamente sobre túmulos
e pátios e creches e escolas,
uma sansara entre viver
e existir. (re)existir,
quando nada mais perece
de fato.