Bolinho de chuva.
Pois é, ainda chove.
Gotinhas prateadas brincam de escorregador na minha vidraça.
O sábado passa.
Tive vontade de comer bolinhos de banana salpicados com açúcar e canela: bolinhos de chuva.
Ninguém mais me fará bolinhos iguais aos dela.
Observo os pingos de chuva escorrendo... escorrendo...
Sopro a vidraça e desenho um coração, como fazia quando a gente morava na casa amarela.
Hoje, a casa está vazia e o meu peito repleto de lembranças.
Gotas brotam dos meus olhos e escorrem... escorrem pelas minhas faces...
Chovendo me vejo.
Embaçaram meus óculos... alguém os terá soprado?
Talvez.
Ao retirá-los, percebo algo desenhado.
Reconheci o contorno daqueles lábios: -
Mãe, foi como se mais uma vez você tivesse me beijado!
20/9/2002 – lua crescente