Telas...
Em seu ateliê o artista sem intuição caçava sua inspiração...
Seus quadros nas paredes fantasiavam suas memórias, seus encontros com a natureza morta, e recriava sobre seu pincel...
Os absurdos em realismo e cores ásperas e puras, a beleza pintada em canção, em prosa...
Aquele dia sem a presente musa lhe deixava distraído e traído pela sua imaginação...
Cobriu-se de tinta para virar o esboço do seu quadro pendurado na parede do mundo, mas as cores não alimentaram sua fome de criar...
Sentou-se e suas lágrimas pingando em seu chão, misturadas com suas tintas sobre o rosto,...
As cores ficavam separadas em contato ao seu suco do espírito,...
Resolveu limitar seus desenhos, e rabiscos...
Levantou num súbito derrubou as latas de tinta que estavam abertas em sua mesa,...
Abertas no azul pelo chão, vermelho no canto da parede e o verde ao lado delas...
E sentiu suas cores vibrantes...
Recolhendo as latas seu dedo encostou-se ao vermelho e sentiu-o subindo até o seu peito...
Levantou a cabeça e uma enorme chama aqueceu e secou seu pranto...
Sorriu e ansioso tocou no azul, sentiu-o passando por todo o seu corpo e alojando-se em seus olhos, boca e pensamento... A calmaria em sua paz superior...
Respirou fundo...
Sorrindo...
Perfeita inspiração...
Ficou em seus pensamentos a voz... E o verde?...Falta o verde!
Emocionado o coração em chamas, as batidas rápidas e seu pensamento lhe dando a confiança em tocar a tinta de cor verde...
Agachou, fechou os olhos e tocou na cor verde...
Seus pés formigaram e passou...
Não sentiu mais nada...
Estranho..., assim pensou...
Abriu os olhos e estava levitando sobre o seu chão...
Sem medo foi descendo...
Com a paz em seu pensamento, e o amor em seu coração, cada passo no seu chão era iluminado com a maciez da esperança...
E a inspiração da vida esboçou o ser...
Que naquele dia...
Reabriu sua tela, e fez dela o seu viver...