A realidade não concretiza ideias tolas
Talvez seja uma ideia tola, a maioria das minhas ideias se mostra invariavelmente. Como um amontoado de pensamentos soltos que por um instante parecem fazer algum sentido, levando a algo potencialmente bom, útil, positivo.
Não acontece.
A realidade não concretiza ideias tolas, sonhos vãos, pensamentos tomados de uma irritante inutilidade feliz. Felicidade inútil. Pensamento positivo inútil.
Inútil. Sempre inútil.
O que penso, o que faço, o que (quem) eu sou. É tudo inútil.
São pensamentos avulsos, positivos, transbordando ilusão. Contém alguma beleza banal, algo que por um vislumbre rápido pode ser confundido com uma beleza estonteante; mas que ao olhar detalhado, mostra-se como de fato é: um pensamento vazio de sentido, um plano mal elaborado, uma certeza de sucesso falida.
Um fracasso.
Uma ideia fadada ao fracasso. Iminente. Incorrigível.
A ideia se incorpora, toma forma, tem som. Uma voz imprecisa vinda de algum lugar dentro de mim diz tímida: “Vai acontecer. Vai dar certo.”. Entretanto, há algo de maior extrovertido dentro de mim, uma voz que, embora surja como um sussurro, em pouco tempo ganha força e grita: “Desista. Não se iluda. Não vai dar certo. Nada de bom vai acontecer”. É lamentável ver como o positivismo hesita em responder. Por fim desiste.
Sozinha.
Sou deixada sozinha com a voz perversa que agora ganha mais espaço. Espalha-se, talvez pela corrente sanguínea, será possível? Positivamente espero que não. Faz seu caminho gritando cretinamente entre meu peito e meu cérebro. Vai e volta. Um aperto, uma dor. Não para.