TU ÉS OU DA INUTILIDADE DE SER

Queria muito que fosse diferente, mas pela manhã o primeiro pensamento do dia é para o amor. Em prece, minhas mãos se unem, pois há urgência de esquecimento. Neste caso, esquecimento é a ponte para a lembrança de uma outra coisa, a fim de que seja ocupado de vez o lugar da saudade. Lembrança que se constrói num novo presente que me dou, pois a razão aponta a necessidade de viver.

Inútil...

És a temperatura ideal quando penso na água que em banho me acaricia

És o cavalheiro de Klimt me desmanchando no Beijo

És pigmento que dá vida à minha arte

És o avesso do texto tolo falado pelo novo sedutor

És laço brocado como um toque delicado que não compras por medo...

És clássica música no meu carro que anula o asfalto ruidoso das grandes cidades

És humor destilando-se em perfume borrifado pela casa

És escritura minha, documentando em pena as santas loucuras nos entre-lugares da felicidade

És a certeza do inusitado, que caracteriza a belíssima odisseia humana

És, no sacrifício do meu cotidiano, meu príncipe de sonhos que transforma sopas em banquete.

És o filtro poderosíssimo do tempo, jorrando água cristalina com sabor de primavera em Paris

És alfa e ômega, alegria de viver...

Mesmo que eu morra a cada dia

No espelho onde me encontro em tua imagem refletida.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 01/08/2018
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