TU ÉS OU DA INUTILIDADE DE SER
Queria muito que fosse diferente, mas pela manhã o primeiro pensamento do dia é para o amor. Em prece, minhas mãos se unem, pois há urgência de esquecimento. Neste caso, esquecimento é a ponte para a lembrança de uma outra coisa, a fim de que seja ocupado de vez o lugar da saudade. Lembrança que se constrói num novo presente que me dou, pois a razão aponta a necessidade de viver.
Inútil...
És a temperatura ideal quando penso na água que em banho me acaricia
És o cavalheiro de Klimt me desmanchando no Beijo
És pigmento que dá vida à minha arte
És o avesso do texto tolo falado pelo novo sedutor
És laço brocado como um toque delicado que não compras por medo...
És clássica música no meu carro que anula o asfalto ruidoso das grandes cidades
És humor destilando-se em perfume borrifado pela casa
És escritura minha, documentando em pena as santas loucuras nos entre-lugares da felicidade
És a certeza do inusitado, que caracteriza a belíssima odisseia humana
És, no sacrifício do meu cotidiano, meu príncipe de sonhos que transforma sopas em banquete.
És o filtro poderosíssimo do tempo, jorrando água cristalina com sabor de primavera em Paris
És alfa e ômega, alegria de viver...
Mesmo que eu morra a cada dia
No espelho onde me encontro em tua imagem refletida.