O homem dobrado

Em meio ao caos do desenlace,

Emerge o híbrido fantástico:

O homem que se dobra em forma,

Molda o espírito à norma,

Transforma o lírico em concreto

E a paixão em objeto.

No exercício de “tornar-se”,

O homem dobrado se envereda,

Cada vez mais enevoado de suas capacidades:

Tudo pode refazer e entender;

Sobre seus juízos delibera,

E sobre os súditos governa.

Mas, ainda assim, é irônico pensar:

Não é o imponderável a matéria-prima de seus palácios,

E abraços de maus-tratos?

Não estão seus matizes

À mercê da musa de Ulisses?

A glória do homem não está em sua dobra,

Mas, no encanto do enlace em volta,

Embalando o caos de sua desforra.

Rodrigo Leme de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leme de Oliveira em 31/07/2018
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