O homem dobrado
Em meio ao caos do desenlace,
Emerge o híbrido fantástico:
O homem que se dobra em forma,
Molda o espírito à norma,
Transforma o lírico em concreto
E a paixão em objeto.
No exercício de “tornar-se”,
O homem dobrado se envereda,
Cada vez mais enevoado de suas capacidades:
Tudo pode refazer e entender;
Sobre seus juízos delibera,
E sobre os súditos governa.
Mas, ainda assim, é irônico pensar:
Não é o imponderável a matéria-prima de seus palácios,
E abraços de maus-tratos?
Não estão seus matizes
À mercê da musa de Ulisses?
A glória do homem não está em sua dobra,
Mas, no encanto do enlace em volta,
Embalando o caos de sua desforra.