Antonio de Albuquerque
 
 Um Certo Homem

Caminhando por tenebrosos subterrâneos tortuosos, estreitos e escuros, em vão, buscando uma fresta de luz, sem nada enxergar. O lugar tinha ar pesado e eu, a sensação de não poder respirar, meu corpo pesava como se fosse extremamente denso, meus pensamentos eram vagos e racionava com dificuldade, sem saber de onde vinha, nem qual o destino a seguir, também desconhecia há quanto tempo vagava com um destino incerto, podendo ser há dias, anos ou a uma eternidade. Sem noção de tempo, meus sentimentos eram de angustia e dor, sentia-me sozinho vagando sem direção. Um dia, porém, adormeci sem saber por quanto tempo, entretanto, ao acordar estava diante de um mar azul sem fim, e no alto enxerguei uma grande luz, era o Sol nascendo ao amanhecer de um dia sorridente, e olhando para seus raios comecei a recordar quem eu sou, porém, ainda sem saber o que fazia naquele incógnito lugar.

Na beira do mar sobre a alva areia, contemplei as belezas do amanhecer, a manhã sorria uma gargalhada de luz e o Sol dourava o lindo despertar. A Natureza espargia sobre o mar um sereno de luz do alvorecer e gaivotas bailavam alegres sobre a branca espuma das ondas do azul mar, o vento sussurrava quais mistérios desvendados e eu renascia para a Natureza recomeçando a entendê-la. As gaivotas tinham certeza que pintavam uma linda tela da natureza que se mostrava com todo seu esplendor. Descobri a vegetação quando sobre ela o Sol derramava sua luz dourada de grande brilho e grandeza com uma luz mais intensa, ainda. A areia na beira do mar tinha uma alvura tal a flor da açucena e a relva atapetava a terra promovendo uma beleza sem igual, tudo isso me proporcionava intensa alegria e felicidade. Permaneci por algum tempo contemplando o mar, a praia e os vegetais. Sentei-me à sombra de uma árvore milenar admirando tudo em volta, tinha diante de mim um esplendoroso cenário de beleza divinal me fazendo recordar minha existência. Enquanto tudo isso, o vento suavemente acarinhava meu rosto na suave brisa da manhã sorrindo de alegria num espaço sublime, mas ainda não sabia o que ali estava eu a fazer.

Caminhando sobre a alvíssima areia, suavemente à tarde despediu-se, e o Sol atrás da imponente elevação beijando a montanha disse Adeus. Então, surgiu outra grande luz, a esplendorosa Lua cheia e com ela as estrelas, parecendo dizer boa noite. Eu havia recordado que era uma pequeníssima luz vagando pela terra em busca de salvação. Deitei-me sobre a areia úmida da praia espiando as belezas do céu coberto de Astros e Estrelas e adormeci sorrindo, pensando na grandeza da Criação e do grande Arquiteto do Universo. Despertei ouvindo o trilar dos pássaros, o zunido dos pequenos insetos, o beija-flor colhendo o néctar no verticilo das flores e no alto grande revoada de pássaros coloridos em algazarra. Mais, me aproximei da floresta para identificar divinas notas musicais que ecoavam em todos os lugares, olhei para o céu e vi o Sol que agora me era conhecido, e olhando um ponto bem distante no alto de um monte, vi uma casa branca, fui vê-la e chegando mais perto percebi que estava fechada.

Refletindo e caminhando pelos campos, encontrei fontes de água cristalinas, térmicas, cachoeiras, cascatas, lagos de água azul, florestas, animais, pássaros de rara beleza e dunas de areia edificadas pela natureza. Andei por esses lugares, mas sempre voltava à casa branca, a descoberta que mais havia chamado minha atenção. Um dia, porém, encontro a casa branca com portas e janelas abertas, as janelas adornadas com cortinas de renda branca e azul esvoaçando com a brisa fresca da manhã de aroma e esplendores. Chegando mais próximo da enigmática casa ouvi divinas notas musicais que tocaram profundamente meus sentidos trazendo um clarão dentro do meu espírito, ali sendo recebido por um galante homem me convidando a entrar, visto que há muito estavam a me esperar, ao entrar as pessoas sorrindo me olharam e eu as reconheci, estavam muitíssimos alegres. Percebi nos seus semblantes que havia grande expectativa de algum acontecimento, e em dado momento ocuparam o espaço na varanda da casa, eu também procurei acompanha-los e logo enxerguei uma caravana  caminhando em direção a casa.

Um certo homem caminhava a frente da caravana, e quando mais próximos, enxerguei que na vanguarda Ele caminhava a passos largos, vestindo túnica branca e alpercatas nos pés. Ainda hoje com saudade trago na minha lembrança o toque e o som característico das suas alpercatas tocando ao chão, provocando um ruído característico e a lembrança da sua inesquecível imagem de ternura e sublime amor. Com profundo sentimento de alegria e felicidade permaneci observando a caravana se distanciando entre montanhas rochosas. O lugar aonde eu me encontrava, misteriosamente todo o magnífico cenário se uniu a Luz do Sol transformado-se em pura energia
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Antonio de Albuquerque
Enviado por Antonio de Albuquerque em 24/07/2018
Reeditado em 23/09/2018
Código do texto: T6399020
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