Concretude e abstração

Dissipam-se lentamente as brumas na manhã. Chegaram de madrugada, vindas de algum lugar. Como túnicas, em tecidos que vão se rasgando pela luz solar, logo desnudam por completo a paisagem.

Assim também se faz o bem e o mal segurando as mãos das pessoas. Chegam de algum lugar e se dispersam ou residem por tempos, conforme a vontade de cada um.

Pousam suaves, os sorrisos nas caras das crianças, tecendo sonhos, realizando vidas. Basta serenidade para perceber a quantidade de amor e singeleza em cada expressão natural e ingênua. As ruas se tocam em solas de sapatos; se dão em abraços na fraternidade entre as casas.

São fatos os boatos que se traçam em denegrecer a imagem alheia.

É que assim, como cerrações densas, a inveja cobre a luz, que existe na capacidade de cada um, em se fazer brilhar, tanto quanto o outro.

Valores objetos são alcances do poder aquisitivo, mas valores morais e espirituais são presentes dados pelo merecimento. Haja valor como se tem fome e se sacia; como se tem sede e se mitiga; como se tem frio e se aquece; como se faz pedinte e ganha; e então aprende-se a doar. Haja transmissão na mesma quantidade e qualidade, visto as dependências nas mesmas proporções.

Variáveis são os socorros que se prestam ou os olhares que se movem sobre as cenas. A vida precisa de concisão no que diz amor ao próximo.

Segue a manhã se lambendo do sereno em sua cútis. Apronta-se para a usança diária, sabida que as impressões serão sempre novas, mas grifadas na mesma conjuntura, que as desencadeiam. A coletividade é sempre determinada pela individualidade. Parte de um, a intenção; de outro, o conhecimento; de um terceiro, a necessidade e daí, amontoam-se as ideias e faz-se o consumo. A concretude exposta visa as normas de sobrevivência, trocando valores sobre coisas criadas, a fim de satisfazerem necessidades. Que assim seja no campo emocional e pessoal; analisando intentos, conhecendo detalhes e semelhanças e sabendo das penúrias, aglomerem-se ideias e se consumam em igualdades.

As brumas da manhã se foram... Os sorrisos nas caras das crianças, sem inveja, persistem ingênuos.

Takinho
Enviado por Takinho em 24/07/2018
Reeditado em 18/08/2020
Código do texto: T6398843
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