Dividindo Um Guarda-Chuva...

No meio de um dia chuvoso
Sinto que desperta o meu olhar mais amoroso
Ele sai para ir ao mercado
A pé...
Pois quem trabalha nesse país 
Dificilmente é bem remunerado
Seja homem ou seja mulher
Solitário pede ao açougueiro um quilo de acem
Enquanto eu caminho pelas ruas
A esmo...
Sou apenas mais uma moça sem ninguém 
Ele reclama que tudo esta caro demais
Enquanto tenta domar o guarda-chuva
A romântica moça de Batatais
Ele abarrota as mãos de sacolas
A chuva aperta
Ninguém dá a menor bola
Até que seus olhos o detem na figura da esquina
Segurando um guarda chuva de uma maneira tão feminina
Talvez a única a olhar para ele com consideração 
Pois para ela dividir um guarda-chuva
Não significa necessariamente dividir um colchão 
E debaixo de toda a água que descortina o céu 
Abre um sorriso para ele a doce Raquel
Ele vem caminhando em sua direção 
Ela o ajuda segurando algumas sacolas com a mão 
E aquecendo de vez aquele gélido coração 
Transeuntes não demonstram a menor pena
São apressados zumbis ignorando a cena
Provavelmente dirão 
Como é trouxa essa morena...
Mas não leio livros de solidariedade
Gosto sim é de praticar espiritualidade
E assim caminhamos juntos pelo meio fio
Quando cuidamos das pessoas
É o nosso coração que protegemos do vazio
Provavelmente nós dois iremos nos molhar
Mas qual o sentido dessa vida
Senão um ao outro ajudar...
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 23/07/2018
Reeditado em 23/07/2018
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